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Me iniciei no CTY; E agora? Sou de qual Orixá?

  • Foto do escritor: Laura Lopes
    Laura Lopes
  • 13 de mar. de 2023
  • 3 min de leitura
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E como diz Elba Ramalho em sua canção:

“Nessa cidade todo mundo é d’Oxum

Homem, menino, menina, mulher

Toda essa gente irradia alegria…”


Pra mim sempre foi assunto de briga para quem dissesse o contrário a uns 8 anos atrás sobre eu ser uma ọmọ filho/a) Oxum.

Isso porque dentro das religiões de matriz africana, é comum o òmóriṣá (filho de Orixá) ter um “pai e mãe” de cabeça, ou seja, um orixá feminino e um masculino, com excessão de omorisa que tem cabeça “meji (dois)” onde são dois Orixás feminino ou dois Orixás masculino.


Bom, dentro do candomblé, algumas famílias consideram a passagem (qualidade) da minha Oxum, o juntó dela ser com Oya e na obrigação dos meus 7 anos de Orixá eu fui acolhida por uma dessas famílias, então tive minha primeira incorporação em Oya.


Ualllll! A definição para a sensação que eu tive minutos antes da incorporação foi: sabe quando você está num parque ou bosque, enfim um espaço arborizado e você olha para cima e o que se vê são as folhas das árvores balançando, os raios solares passando através delas e batendo no seu rosto, aquela brisa leve e gelada balançando seu cabelo? Foi exatamente essa sensação que eu tive.


De início eu cheguei a duvidar que aquela incorporação poderia acontecer, afinal eu era uma filha de Oxum e nem no meu sonho mais maluco imaginei que um dia pudesse ter outra “mãe” de cabeça, quem diria uma outra incorporação.


Terminada a minha obrigação eu definitivamente era uma filha de Oxum e Oya.

E pra minha supresa a reação de alguns irmãos, iyalorixas e babalorixas do meu convívio não foram das melhores. Acreditem, por diversas vezes fui julgada e questionada se existia ou não aquilo e todas as vezes que alguém falava algo, eu pensava:

Se essa energia não for Oya, eu devo estar maluca de vez!

Confesso que isso mexeu tanto comigo que por diversas vezes, quando surgia a oportunidade de perguntar para alguém mais velho de Orixá, de forma discreta eu comentava sobre essa questão. Alguns diziam que estava certo, outros diziam não saber, e MUITOS diziam:

Ah isso está errado, não existe; Isso vai acabar com a sua vida.

Bom depois da minha obrigação de 7 anos, onde Oya entrou na minha vida de forma direta e junto com Oxum me deram axé, eu e a minha família tivemos muitas bençãos: a compra de imóvel, a abertura do nosso negócio próprio, a realização de ter mais um filho, a estabilidade emocional, entre outras bençãos.


Hoje através da minha iniciação em Ifá Ọrunmilá e com o meu estudo diário no culto, vejo que para o povo Iorubá, somos filhos de todos Orixás, exatamente isso:

SOMOS FILHOS DE TODOS OS ORIXÁS.

No Culto Tradicional Iorubá, o devoto pode receber a indicação de se iniciar em diversos Orixás, bem como o devoto através da sua afinidade e amor por determinado Orixá pode escolher se iniciar também.

Não existe a proibição, isso porque com a iniciação no Orixá o objetivo é que o devoto através do culto e da devoção trabalhe em seu dia-dia as virtudes deste Orixa, afim de evoluir e ser uma pessoa melhor.


É comum ver um iniciado ter a incorporação em Exu, Oxum e Egbe, por exemplo, e também é comum um iniciado em diversos Orixás ainda não ter tido nenhuma incorporação, para o povo iorubá isso não é uma regra.


Vocês não tem ideia do alívio que me deu quando tive o conhecimento sobre isso, foi a resposta que eu sempre busquei e que ninguém me dava. Oxum me acalenta, Oya me encoraja, eu amo essas duas Orixás intensamente e ter vivido anos com aquela angústia do certo ou errado, foi extremamente desgastante.


Hoje agradeço a Ifá Ọrunmilá e principalmente ao meu Ori por ter me guiado ao encontro das respostas para as minhas dúvidas que hoje consigo encontrar através da minha vivência no isese lagba.


Ire o

Àṣẹ


Créditos Imagem:

Pinterest



 
 
 

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